sexta-feira, 26 de julho de 2013

Consórcio Maracanã atribuiu ao Flu 81% das despesas do clássico que teve mais de 12 mil gratuidades


A bola foi levantada pelo tricolor PC Filho em seu blog “Jornalheiros”, a respeito da falta de transparência do borderô do jogo Flu x Vasco do último domingo.

Que teria causado estranheza a divulgação de que mais de 12 mil pessoas não pagaram ingressos, entre os 46 mil presentes, já que no sábado havia sido divulgado que 59 mil entradas haviam sido vendidas de forma antecipada.

De fato o que se verifica pelo borderô é que dos 59.086 torcedores presentes, teriam sido vendidos 46.860 ingressos, e que 12.226 tratam-se de “gratuidades por força de lei”, o que corresponde a um percentual de 35% dos ingressos vendidos.

Analisando os borderôs dos últimos clássicos disputados no Engenhão em 2012 e 2013, verificamos que o número de gratuidades neste período variou entre 2.794 e 6.630 ingressos, número bem inferior, portanto, aos mais de 12 mil divulgados pelo consórcio maracanã, conforme demonstrado a seguir:

Data
Jogo
Ingressos Vendidos
Gratuidades
10/03/13
Bota x Vasco
32.770
6.630
03/03/13
Fla x Bota
17.554
3.991
02/03/13
Vasco x Flu
15.960
4.672
13/05/12
Flu x Bota
25.016
4.472
06/05/12
Bota x Flu
28.182
5.182
01/04/12
Flu x Bota
11.340
3.320
11/03/12
Flu x Fla
14.753
4.219
26/02/12
Flu x Vasco
36.374
5.098
23/02/12
Bota x Flu
21.143
4.116
12/02/12
Vasco x Flu
10.416
2.794


No que diz respeito às Receitas, o borderô do consórcio maracanã apresenta duas novidades que não constavam nos borderôs do Engenhão, que são os ingressos de “Sócio Torcedor Fluminense” no montante de R$ 33.320,00 (3.332 x R$10,00) e de Sócio Futebol no total de R$ 18.825,00 (1.255 x R$ 15,00), apresentando no quadro de despesas a rubrica “ingressos promocionais” no montante de R$ 9.000,00.

Analisando do ponto de vista contábil e da transparência, acredito que o correto seria divulgar o valor cheio dos ingressos como receita e abater nas despesas a parte real que os clubes deixam de receber por conta de promoções próprias como sócio torcedor, sócio futebol, cliente Itaú, etc. Nesse caso me parece que tanto a informação da receita como da despesa com ingressos promocionais foram divulgadas à menor.

Se analisarmos o borderô do jogo entre Flu x Vasco pela semifinal da Taça GB disputado em março deste ano no Engenhão, verificamos que os valores de venda de ingressos promocionais foram divulgados pelo valor real, em contrapartida na despesa de ingressos promocionais, o valor informado foi de R$ 60.640,00, bem superior aos R$ 9.000,00 informados pelo consórcio.

Enfim, o que precisa ficar claro é quanto o clube está deixando de receber de bilheteria por conta de ingressos promocionais decorrentes de programas de associação com preços menores. Ou seja, se o clube anuncia como atrativo para o sócio torcedor o pagamento de meia entrada, subentende-se que o valor deste ingresso para o clube é disponibilizado pela FERJ ou pelo consórcio pelo valor integral, devendo, portanto, ser lançado na receita do borderô o valor da entrada inteira e na despesa os 50% que não foram auferidos como renda de jogos. O mesmo se aplica no caso dos ingressos do sócio contribuinte pacote futebol que paga apenas R$ 10,00 para ter direito a assistir aos jogos com mando de campo do clube. Nesta segunda hipótese deveria ser lançado na receita e na despesa o mesmo valor de ingresso, seja de meia ou inteira. 

Ainda com relação às receitas entendo que deveriam ser divulgadas todas as receitas da partida além da venda de ingressos, tais como: Publicidade Estática, Estacionamento, Bares e outros.

Quanto às despesas, verificamos que o borderô deixou de divulgar o custo com a confecção dos ingressos, e que apresenta de forma genérica a rubrica ”despesas operacionais” no valor de R$ 20.000,00, que precisa ser melhor detalhada.   

Mas é na destinação da parte líquida da renda que observamos a maior divergência em relação às condições do contrato divulgadas, já que o Fluminense arcou com 81% das despesas da partida, e não apenas com as despesas  do INSS e da FERJ.

Conforme demonstrado no quadro abaixo, o clube arcou com R$ 92.597 de despesas não previstas ou não divulgadas. E Mesmo que fosse atribuído por contrato que o Fluminense deveria pagar a Taxa Ferj e o INSS de R$ 34.113 incidentes sobre a parte da receita do consórcio, ainda assim, restariam R$ 58.484 de despesas pagas pelo clube não esclarecidas.

Destinação
Receita Bruta
% da Rec. Bruta
Taxa Ferj 5%
INSS 5%
Outras Despesas
Total das Despesas
% das Desps.
Receita Líquida
Parte Flu
1.213.385
78%
60.669
60.669
92.597
213.935
81%
999.450
Parte Consórcio
341.125
22%
17.056
17.056
15.528
49.641
19%
291.484
Totais
1.554.510
100%
77.726
77.726
108.125
263.576
100%
1.290.934


Concordamos com a conclusão final do tricolor PC Filho em seu blog “Jornalheiros”, de que restam muitas dúvidas a serem esclarecidas. E que os borderôs dos próximos jogos não apenas do Fluminense, mas como de todos os jogos administrados pelo consórcio maracanã sejam mais transparentes.


2 comentários:

  1. Bomn na minha calculadora não bate percentualmente a seguinte afirmação:
    De fato o que se verifica pelo borderô é que dos 59.086 torcedores presentes, teriam sido vendidos 46.860 ingressos, e que 12.226 tratam-se de “gratuidades por força de lei”, o que corresponde a um percentual de 35% dos ingressos vendidos.

    No mais concordo plenamente. Na planilha as receitas tem que ser lançadas com o valor bruto e os valores referentes a descontos, promoções e etc aparecerem separadamente.
    ST,

    Rodrigo.

    ResponderExcluir
  2. Rodrigo,

    Esse percentual de 35% foi calculado em cima dos ingressos vendidos. Se fosse calculado com base nos torcedores presentes seria de 26%.

    ResponderExcluir

"Todos os comentários são moderados e, por isso, não entram no ar automaticamente, em tempo real. Não são aceitos termos preconceituosos, ofensivos de qualquer natureza, palavrões e injúrias, calúnias e difamações."